[ARTIGO]Raul Seixas

Raul Santos Seixas foi um famoso cantor e compositor brasileiro, freqüentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. Também foi produtor musical da CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, e por vezes é chamado de "Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza".
21 de agosto de 1989 – Raul Seixas desperta do sonho da vida.
“Se o diabo é o pai do rock, Raul Seixas foi o ajudante que meteu a colher de pau no caldeirão do demo e ainda tascou-lhe uma mosca na sopa”. (Jornal do Brasil)
Antes de tornar-se o artista que subverteu a ordem do dia, caminhando na contramão da Tropicália e mesclando o rock de Elvis Presley com o baião de Luiz Gonzaga, Raul Seixas foi apenas Raulzito, o primeiro filho de Dona Maria Eugenia e do engenheiro Raul Varella Seixas. Nasceu às 8h da manhã do dia 28 de junho de 1945, na capital baiana - Salvador, onde, apesar da cultura predominante, apaixonou-se ainda jovem pelo rock n’roll. “Tudo era novo pra mim.Ouvia os discos de Elvis e Little Richard até estragar os sulcros. O rock era como uma chave que abria as minhas portas que viviam fechadas”, escreveria aos 15 anos em seu diário.
Com o amigo Thildo Gama, formou o grupo Os Relâmpagos do Rock, sua primeira banda e o embrião do conjunto Os Panteras, banda com a qual Raulzito gravou o seu primeiro disco, que foi um fracasso de vendas. A projeção nacional veio somente em 1972, com sua participação no Festival Internacional da Canção, da Rede Globo, onde classificou duas canções: Let me sing e Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo. Depois, lança o compacto Ouro de Tolo, que alcança grande sucesso, e conhece Paulo Coelho, formando uma parceria que atrairia uma multidão de fãs e renderia músicas que se tornaram clássicas, como Metamorfose Ambulante, Mosca na Sopa, Al Capone, entre outras. Nos anos seguintes sua produção musical é constante, lançando diversos discos sucessos de público, como Novo Aeon (75), Há Dez Mil Anos Atrás (76), O Dia Em Que A Terra Parou (77). A partir de 1978, o consumo de álcool e drogas começa a causar-lhe problemas e o artista perde 1/3 do pâncreas. Em 1987 lança o estrondoso disco Uah bap lu lap béin bum e torna-se parceiro de Marcelo Nova, com quem grava seu último álbum, A Panela do Diabo, no ano de sua morte.
Legado vivo.
Raul Morreu dia 21 de agosto de 1989, vítima de uma pancreatite aguda provocada pelo excesso de álcool, Raul Seixas foi encontrado morto em seu apartamento. Ao partir, deixou três filhas, milhares de fãs e uma obra que se estende por mais de 20 álbuns, além de seis póstumos, e diversos livros publicados. Sua capacidade de transmitir mensagens de impacto e abordar assuntos profundos de forma irreverente mantém sua obra relevante até hoje. A juventude atual lhe dedica um carinho saudoso, levando suas fotos e frases em camisetas, e lançando incontáveis covers seus em eventos e festas.
Nesse ano Walter carvalho lançou o documentário “O início, o fim e o meio, “, sobre a vida do Maluco Beleza.
“ O documentário – narra acontecimento. Raul – O início, o fim e o meio é algo que nos tira do eixo, da cadeira e da razão. Nos tira, por mais de duas horas e mesmo assim saímos do cinema meio que vagando, à procura de uma pessoa para dançar ou um belo show para desabafar. Existem diversas pausas que, para muitos, é definido como ponto de corte, chamada de bloco, fade in e fade out. Para os espectadores (ou usuários) um alivio e um respiro. Uma vontade absurda de começar a gritar e dançar no cinema. Puta de um fio desencapado este filme – Bahia é terra de fio desencapado! Em 1939 dona Lúcia Rocha pisou em um. Pouco tempo depois, em 1945, dona Maria Eugênia encostou-se a outro. Assim nasceram Glauber Rocha e Raul Seixas. Grandes sujeitos de transformação que mudaram a forma de ver a imagem e sentir o som. De um lado o cangaço e o transe. De outro, o baião e o rock n roll. Várias fusões e provocações. E o que sobra? Definitivamente não é a brasilidade – pequeno – burguesa – democrata – cristã que nos vendem em horário nobre. Sobra-nos repertório, sobra-nos amor e muita luz.
Walter Carvalho, aquele mesmo que conduziu Janela da Alma retorna com este belo documentário – uma bela mistura de imagens de arquivo, em vários suportes. Ele assume o ruído, o grão, o som e justifica o silêncio. Uma bela montagem sem grandes pretensões que segue a ordem cronológica de uma geração. Como co-diretor, Evaldo Mocarzel, sujeito também feito de pessoas, tirou o documentário paulista do lugar comum, ocupou espaços públicos com À Margem da Imagem e moradias em À margem do Concreto. Outro co-diretor é o Leonardo Gudel, já trabalhou de assistente de direção em Budapest com Carvalho e como roteirista em séries para TV. Aliás, Gudel também assina o roteiro de Raul. Algo que não é fácil com horas de imagens de arquivo e inúmeras sonoras.

Umberto Eco, em seu livro Seis Passeios pelo Bosque nos diz que o tempo figura sob três formas: o tempo da história, o tempo do discurso e o tempo da leitura. O tempo da história está relacionado ao conteúdo da narrativa; se o texto diz que “eu nasci há dez mil anos atrás”, o tempo da história são mil anos. O tempo do discurso é menos fácil de se determinar. Podemos baseá-lo na extensão do texto escrito ou no tempo que a leitura demanda, mas não podemos ter certeza de que essas durações são exatamente proporcionais. Loucura isso? Vamos tentar entender o mundo e o conteúdo que está na lata do filme. Qual o tempo do discurso do filme? Neste caso, não temos métrica, não há como mensurar. O discurso está até hoje. Diversas imagens, com os mesmos atores em tempo históricos diferentes. Pessoas que querem a liberdade. De todos os credos e idades. E o tempo da leitura? É o tempo do filme? O roteiro, direção e montagem do documentário estabelecem exatamente este discurso. Mas o filme fica com uma única interpretação, Raul Seixas.

Não temos a mosca na sopa, na parede ou no lixo. Ela só aparece em Genebra. O documentário de Carvalho, Mocarzel, Gudel e Cia. Não só observa. Ele provoca e confronta. Uma bela homenagem para aquele que também nunca observou. O início, o fim e o meio é o pensamento não linear.

Eita filme teimoso que não acaba. Raul também.”

Ele é a Mosca na Sopa

Ele é um Cowboy fora da Lei

Ele é Gitá

Ele é Egoísta

Ele é o Vampiro Doidão

Ele Nasceu a 10 mil anos atrás

Ele fundou a Sociedade Alternativa

Ele achou o Ouro dos Tolos

Ele tentou outra vez

Ele pegou o Metrô 743

Ele fez a terra parar

ELE É RAUL SEIXAS!

FONTES: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=27853
http://www.altamenteacido.com.br/cinema/critica-raul-o-inicio-o-meio-e-o-fim